Há umas certas lembranças que me doem todos os dias. E mesmo eu gostando de provar eventualmente da dor (em todos seus aspectos), esse tipo de martírio eu dispensaria sem pensar duas vezes. Pois é muito mais do que simples dor, é algo impossível de se relevar ou acostumar. É uma ferida aberta e inflamada, na própria vida. Que nada tem haver com a dor oposta ao prazer.
É um buraco escuro no chão, uma porta trancada num velho casarão abandonado, o brinquedo preferido jogado no lixo, os gemidos de quem chora de frio e o ar denso e carregado que invade os pulmões quando se está em um orfanato.
Hoje as lágrimas são invisíveis. Por uma questão de equilíbrio do ambiente.
Mas estão presentes.
Fipa
